Acreditam que eu nunca subi numa favela? É, nunquinha, ainda!
Eu não concordo com visitas turísticas à favela tipo Jardim Zoológico na Savana. Passo a explicar, não quero mal-entendidos, Favela é o nome ligeiro que se aplica a uma comunidade de pessoas carentes. Favela não é monumento histórico com necessidade de fotografia para o álbum de recordações. Favela é lugar de gente pobre, humilde e trabalhadora … é lugar de criminoso e traficante também! Mas não é safari!
É da favela que vieram parte das minhas grandes influências no Brasil e para a favela que vão outros, não para exibir, mas para acabar com o preconceito de que é tudo igual, tudo favelado!
Fiquei emocionada quando a Joana me contou que hoje iria escrever sobre favelas (que tínhamos ouvido falar numa visita muito especial) neste nosso Brasileirando porque hoje, logo hoje, mais logo, eu vou falar de alguém que ama a favela!
Fiquem por aí!
mh
FAVELA É NOME DE ÁRVORE
Às vezes usamos nomes de pessoas, coisas ou lugares e nem pensamos na sua origem.
E se há nome que está muito associado ao Brasil é sem dúvida o nome favela. Mas sabiam que favela é nome de uma árvore nativa do Nordeste do país?
Sim, a favela tem o seu nome enraizado na História do Brasil. É originalmente uma árvore que cresce numa região de clima quente e longas estações secas cheia de espécies exclusivas.
Nos nossos dias, a designação favela identifica aqueles aglomerados de casas e pessoas que existem nas grandes cidades brasileiras. Mas tudo começou no Morro do Arraial de Canudos na Bahia.
A História indica que as pessoas desse lugar vieram para a cidade no século XIX à procura de trabalho. E começaram a ocupar o Morro da Providência (durante muitos anos conhecido por Morro da Favela), vivendo em casas muito humildes.
Muitos deles eram descendentes de escravos e tal como a árvore favela (cheia de espinhos e que sobrevive ao tempo agreste do sertão da Bahia) foram bastante fortes e resistentes, dando origem às comunidades com as mesmas características que vivem hoje nas favelas do Rio de Janeiro.
O termo favela tornou-se depois genérico para todos os outros aglomerados que começaram a surgir nas cidades.
E sabem uma coisa bastante interessante? Das sementes da árvore favela pode-se extrair um óleo fino ou transformar as tais sementes em farinha, para depois ter uso na alimentação. Enquanto a casca da árvore tem fins medicinais.
Ora, assim, mas uma vez se demonstra que até nos lugares mais áridos podem surgir soluções de uma riqueza e diversidade incríveis, certo? 😉
Sim, porque actualmente as favelas (consta que são cerca de 800 no Rio) têm serviços sociais e vários projectos musicais ou desportivos que muitas vezes dão que falar!
No entanto, é evidente que é preciso ter cuidado com estas comunidades, porque elas também são habitadas por perigosos gangs de criminosos. Mas acho que esta pequena curiosidade que vos acabei de contar pode ser importante para nos obrigar, a todos, a não cair na facilidade da generalização. E a conhecer para respeitar.
Parte desta pequena história, foi-me contada durante as visitas guiadas gratuitas no Rio de Janeiro, que fiz no Rio.
E é por isto que gosto tanto de viagens personalizadas. De pessoas locais com quem possa conversar, que sabem factos e acontecimentos reais ou viveram experiências que depois podem partilhar com quem acabou de chegar.
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