Eu contei-os …
são SESSENTA E OITO festivais de verão que começaram em Maio e prolongam-se até setembro. Há os para todos os gostos … Rock in Rio, Nos Primavera Sound, Edp Cool Jazz, Sumol Summer Fest, Nos Alive, Super Bock Super Rock, Meo Marés Vivas, Meo Sudoeste, Vodafone Paredes de Coura ou (o antiguinho) Vilar de Mouros, ainda (o porreiro) Milhões de Festa ou (o alternativo) Andanças, e já quase no fim, o Crato e o mítico Avante … ele é rock, jazz, pop, fado, indie … enfim, a gregos e troianos, um deles há-de agradar.
Eu, portuguesa que sou de alma brasileira, aguardo um festival de MPB ou loucura, das loucuras de Samba, para poder ir e dançar e cantar três dias seguidos … enquanto isso, não me encaixo em nenhum daqueles, quase todos com gordos patrocínios no nome e férias de campismo à mistura para pernoitar.
O meu filho Francisco começa agora nestas lides, afinal os dezasseis (quase dezassete) assim o impõe.
Este ano, em primeiro, e ainda na primavera, foi o Rock in Rio (pela segunda vez … em 2014, lá viu os imortais Rolling Stones e o resto é conversa!), fomos em família: ele, eu, o pai e o irmão caçula. Depois foi o Nos Alive, três dias de chofre com direito a ficar sozinho num hostel, e por último, não havendo duas sem três, rumou ao Super Bock Super Rock, onde estoicamente se meteu numa camioneta, sem ar condicionado, que avariou a meio do caminho, para ao fim de 6 horas chegar ao Parque das Nações e ainda regressar de madrugada, para mais trezentos quilómetros, indo acampar à porta da avó materna, às 7 da manhã, só porque perdera os últimos 3€ para o metro e era ali ao lado … a mãe, a morrer de preocupação, o telemóvel sem bateria (claro!) isto desde as cinco, não lhe ocorreu?!
Mas, como sempre, corre tudo bem, quando não corre, lá vem desabafar os percalços e conta em meia dúzia de palavras as suas aventuras (e eu, mais vale dar-me por contente!).
Sobre festivais pouco mais tenho a dizer mas sobre crescimento, autonomia e (alguma) independência, o Francisco escreveu-me estas linhas aqui abaixo …
3 dias de Nos Alive … Porto-Lisboa … e os meus pais atrás!
A minha mãe decidiu marcar-me o voo junto com eles, agora imaginem:
– acordar às 4h da manhã
– estar às 6h no aeroporto
– voar às 7h
Isto tudo antes de um festival!
Tinha ido de Alfa a horas normais, mas não… bem, o mal estava feito!Aterramos na Portela e, entre sai e não sai, chegamos ao hotel dos meus pais uma hora depois, sendo que eu não ia ficar com eles, já que era suposto o festival ser uma espécie de tempo para novas experiências, daí que, pela primeira vez ia ficar sozinho num hostel.
O Home Lisbon Hostel parecia impecável, o que aparentemente não era só uma opinião minha, já que logo na entrada exibia uma parede cheia de prémios. Fiquei, de facto, espantado com a simpatia da entrada e a confortável sala de estar que transmitia um sentimento de “casa”. Todos os espaços eram cómodos, limpos e arejados, um verdadeiro mimo!
De seguida fomos almoçar a um sítio espectacular (o meu pai descobre cada coisa!) … uma hamburgaria de bairro típico lisboeta que por sinal era a mais antiga de todas da cidade, APPLE HOUSE, o nome é estranho, mas a pizza que eu comi era maravilhosa e os hamburgers dos meus pais também tinham ar disso!
Bem, merenda comida, companhia desfeita, o primeiro dia passava a correr, e era hora de ir para Algés, em Oeiras (nem imaginava onde era!!). Apanhei o metro, encontrei-me com amigos no Cais do Sodré, metemo-nos no comboio e lá chegamos mesmo a tempo do primeiro concerto!
Eu estava completamente morto de sono antes sequer de começar. Mas, mal a primeira banda, The 1975, começou a tocar, toda a energia despertou em mim, podendo agora dizer que o primeiro dia do festival correu muito bem … até ter de regressar SOZINHO ao meu hostel …
Nem tudo são rosas, e após os concertos, já MORRIA de sono, então tive que achar uma forma de voltar para casa, que fica em plena baixa de Lisboa, e sendo o primeiro dia achava que ia confuso … mas estava enganado, foi a ida para casa mais rápida dos três dias, apanhei o comboio até Lisboa e um taxi para o hostel, fácil! Depois percebi que era relativamente perto entre o Cais do Sodré e a Rua Augusta, mas àquela hora eu só queria uma cama!A cama aguardava-me à horas e felizmente era super confortável! E todos os meus “companheiros” e “companheiras” de quarto já estavam a dormir, já que deviam ser umas três e tal da manhã.
No dia seguinte, como era de prever, acordei bastante tarde, o que fez com que não pudesse usufruir do pequeno almoço, visto já serem horas de almoço (algo que com muita pena minha aconteceu nos três dias do festival!)
Portanto, fui almoçar com os meus pais, que vieram ter comigo à baixa pombalina, ali mesmo junto ao largo do Cais do Sodré. Aliás, numa rua cheia de curiosidades, a Rua do Alecrim!
No 39, estava a Barbearia Figaro’s onde me devia ter atrevido a um corte de cabelo e vá-se lá saber o que teria acontecido …
Mais acima, no 53, ficava o Luggage Storage Lisbon, uma loja de recordações, internet, cafetaria,mas acima de tudo onde podemos guardar as nossas malas enquanto visitamos Lisboa por um dia ou de passagem … achei genial!
E depois a escolha para almoçar, o Meson Andaluz, ficamos num pátio ao ar livre – o dia de sol estava lindo e a limonada caseira soube mesmo bem – embora lá dentro também fosse muito giro e agradável! No fim do almoço, já a meio da tarde, as escadas largas que davam acesso começaram a encher-se de turistas de todo o lado do mundo … TODOS com a pulseira que me dizia que seriam meus companheiros de festival. Que loucura!
Bem, mais uma vez … amigos, comboio e lá marcava presença nas portas do NOS Alive.
O dia 8 foi o melhor, Years&Years (não conhecia, passei a adorar), Tame Impala (melhor atuação, talvez porque consegui ficar nas filas da frente), depois Pixies (com muita pena minha estava a jantar na tenda Vip … sim, eu sei … nah, cortesia dos pais de um bom amigo!) e para finalizar Radiohead!
Nessa noite a volta para casa é que foi mais atribulada, por alguma razão a polícia fechou uma das duas entradas para o comboio (juro que isto não faz sentido nenhum até porque foi o dia de maior afluência) e tinha que se andar cerca de 2km para chegar à outra entrada, de génio, de facto! Sorte a minha que, à última hora, tive boleia para casa!
O processo repetiu-se: deitei-me, acordei tarde, almocei um calzone e uns profiteroles, de chorar por mais, numa pizzaria do Saldanha, Il Giardinetto , e embarquei para o último dia festivaleiro..
Confesso que à parte de Arcade Fire, estive muito a dormir, isto porque o sono já me acompanhava desde o Porto, ahah, e foi-se acumulando até à exaustão, o que resultou em mim feito zombie neste dia. Mas gostei!No domingo, era dia da final do Euro e eu, inicialmente, viria com os meus pais de avião que marcaram o voo justamente em cima da HORA da final do campeonato … nem sei que diga!!! Mas, a tempo, cheguei eu que regressei de carro de boleia com um amigo e os seus pais.
E os meus pais? Depois de não sei quantas peripécias também chegaram a tempo de nos ver ser Campeões Europeus!
Conclusão: melhor era impossível!
Kiko
E sim, foi isto mesmo ❤