Acordei cedo, mas seja domingo ou quarta, quando estou no Brasil, o conceito de madrugar assume a realidade do dia a dia, por isso acordar às seis da manhã é natural e sabe muito bem. Tomei o pequeno almoço tranquila, disposta a conhecer a mítica avenida, a Paulista.
O sol espreitava tímido por entre as nuvens, que leves prometiam afastar-se, e o som da música reinava no ar. Nada de buzinas, escapes entupidos e motores furiosos, no coração de Sampa, ao domingo passeia-se! Já vos disse que lhe entreguei o meu coração sem pestanejar?
Ah, São Paulo é um Brasil à parte do meu Brasil Carioca … Aqui a “Coincidência total, Do côncavo e convexo” são a fórmula perfeita!
Todos convergiam à gigante Selva de Pedra que livre permitia bicicletas, skates, passeios descontraídos, shows improvisados, beijos apaixonados, gritos de luta, planos para um futuro próximo, lembrança de passados presentes …
Caramba, eu estava ali de balão amarelo no ar, também eu esperando um futuro melhor para o meu Brasil amado, com um nervoso miudinho, a dizer-me “Cuidado, miúda, olha que tudo o que sonhas concretiza-se (mesmo quando não o esperas)!”
“Não vou pagar o pato” era o mote do meu balão, dos autocolantes distribuídos pelos que passavam e do gigante pato de borracha, símbolo da inconformidade face à corrupção escandalosa que assola o Brasil … mas essa vergonha não é só brasileira, do mundo, cada vez que se descobre mais um roubo descarado e imoral de dinheiros públicos.
Mas uma coisa é certa, mesmo na luta pela verdade e justiça, e num momento sério de mudança, este povo (do qual sou irmã de língua e coração) sabe viver a vida com alegria. E então tudo se transforma numa festa!
E em festa a vida merece mais ser vivida!
E quando deu a fome … o verdadeiro pastel da Maria, nesta nova tendência de street food, vulgarmente conhecido por roulotte – quem não se lembra dos cachorros com direito a tudo a altas horas da madrugada??
Em São Paulo, e no Rio também, em todo o lado há uma roulotte que vende pastel, bolinho, doces, espiga de milho, sucos, fruta, tapioca … enfim, de tudo um pouco!
Depois de recuperar as forças com uma deliciosa bomba calórica frita – e acreditem, os brasileiros comem pastel a toda a hora – era preciso andar e no meio de todos aqueles arranhas céus surge a surpresa …
Bem em frente ao MASP – Museu de Arte de São Paulo – estava a entrada para a “única reserva remanescente de mata atlântica da região. O Parque Tenerife Siqueira Santos, mais conhecido como Parque Trianon.
Entrei, pousando o olhar discreto na vegetação luxuriante e nos casais que se namoravam, ternamente. A delicadeza do momento, de toda aquela natureza inesperada, faz-me perceber porque o Brasil me diz tanto ao coração. É que na dureza da vida há sempre um motivo para sorrir.
Na rua lutava-se por ideais com música e humor. Talvez rir seja mesmo o melhor remédio!
E cantar e sambar …
Afinal, tristezas não pagam dividas!
O dia começava a chegar ao fim, não a acabar, porque aquela gigante avenida em breve se transformaria na artéria principal da cidade da Garoa … a correria ditaria a pressa e não haveria mais tempo para passear. Mas próximo domingo tem mais!
mh
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