Não foi hoje, mas podia ter sido … foi numa sexta feira de março, solarenga e disposta a ser feliz … que encontrei o Rio de Janeiro a viver o cotidiano do seu centro cultural e histórico. E foi uma bela tarde carioca!
Entendo o Rio de Janeiro como uma cidade completa porque reune tudo num só lugar: as praias do Leme ao Grumari, o Parque Nacional da Tijuca, a grande metrópole no Centro da Cidade, os bairros típicos como Copacabana, na zona sul, ou Santa Teresa, no Centro, ou Vila Isabel, na zona norte, tem inovadores e importantes Museus, como o do Amanhã, os contrastes das favelas como a Rocinha ou o Vidigal, que são na zona sul, rica e elitista, tem seis milhões e meio de habitantes fixos e mesmo assim tem também bairros familiares e de vizinhança conhecida como o Leblon ou Ipanema, tem botecos humildes em cada esquina e restaurantes sofisticados, teatros para todos os gostos, desde o Municipal aos improvisados de rua, mega espectáculos no Maracanã e o Chico Buarque a tocar e a cantar no Bar Semente, tem a Globo que é a maior cadeia de televisão da América Latina mas também o biscoito de praia mais conhecido no Brasil. É o Rio é isto tudo e muito mais!
Nesta sexta feira, eu, que já conhecia o centro, fui descontraída até à Cinelândia onde percebi que ao lado do magnifico Teatro Municipal, na Avenida Rio Branco, ficava o Museu Nacional de Belas Artes que além de uma coleção fabulosa de grandes obras nacionais e estrangeiras, tem ainda uma delicada e elegante galeria de escultura. Um momento de beleza!
Atravessando a Cinelândia e chegando à Rua Senador Dantas, um pouco escondida, encontra-se uma das maiores livrarias brasileiras, a Livraria Cultura, uma referência no mundo das artes literárias brasileiras, e uma perdição. Um bom par de horas voa no meio de tanta opção e a tentação de trazer uma dezena (no mínimo!) de livros é grande (aqui não perdi a cabeça … mas em São Paulo viria a acrescentar cerca de dez quilos à mala!!!). Com algum tempo, relaxar nos poufs disponíveis, desfolhar belos livros de fotografia e arte, sem pressa.
No mesmo ritmo, segui entrando na Avenida Almirante Barroso onde tem o Centro Cultural Caixa que, para minha surpresa, exibia uma exposição da Frida Kahlo gratuita, claro que não perdi a oportunidade e foi, como sempre o é, inspirador e reflexivo observar as obras de Frida e, em paralelo, a sua vida. Uma experiência de superação e admiração!
Depois atravessei o Largo da Carioca, chegando à rua do mesmo nome, que me levou à Praça Tiradentes e, logo à frente, à Rua Luis de Camões, onde entrei no Real Gabinete Português de Leitura que estava em obras de remodelação e, apenas da entrada, olhei a magnifica biblioteca com milhares e milhares de livros expostos. A certeza de que voltarei fez-me apreciar o chão de azulejos hidráulicos em pormenor à falta de mais belezas agora tapadas.
Daí, entrei num Café-Livraria Alfarrabista, o Letra Viva, onde encontrei várias primeiras edições de livros sobre o Rio e revistas de Samba, onde a vontade era ou ficar eternamente a desfolha-los ou trazer-los a todos comigo. Imperdível!
Seguindo a Sete de Setembro, a fome apertava, e mesmo deitando um olho às muitas lojas de roupa, sapatos e joia, o meu destino era a Confeitaria Colombo, que fica no 32 da Rua Gonçalves Dias … o que dizer!? Além de ser tudo uma delicia, o espaço da confeitaria é tão bonito, tão elegante, tão belle époque que dá gosto estar e ficar!
Perdida no almoço-lanche da Colombo, já não consegui regressar de Bondinho que fechava às quatro, cedo demais! A tarde chegava ao fim e tinha sido muito, muito rica em influências e inspirações!
mh