Da primeira vez que estive no Rio, mesmo estando hospedada ali ao lado, na Lapa, não as visitei … depois voltei passadas duas semanas, e fiquei em Santa Teresa, bairro que as recebe … e também não as visitei … agora, terceira vez, assim que cheguei, depois de um delicioso café da manhã e de trocar de roupa, corri a vê-las … as famosas Escadas Selarón!
Descemos pela Riachuelo, viramos à direita, sob os Arcos da Lapa, na Rua Evaristo da Veiga, onde seguimos encarando a vida cotidiana que se iniciava, agora já na Rua Joaquim Silva e, ao fundo, no número 53, lá estavam elas, cobertas de milhares de azulejos de todas as cores, vindos dos quatro cantos do mundo.
Na verdade, as escadas são a íngreme Rua Manoel Carneiro, com casas de ambos os lados, que ligam o Largo da Lapa à Ladeira de Santa Teresa, onde fica o Convento, no Bairro do mesmo nome.
As Escadas Selarón são património tombado – classificado – da cidade do Rio de Janeiro e, hoje em dia, visita obrigatória num roteiro pelo centro, que caracterizam o espirito artístico, criativo e boémio que por lá se vive.
O artista Jorge Selarón, chileno, decidiu ainda menino conhecer o mundo e aos dezassete anos embarca num navio para a Europa, que conhece de uma ponta à outra, e mais tarde viaja até à India. Quando, após percorrer 50 e muitos países, chega ao Rio de Janeiro, na década de 90, apaixona-se pela cidade maravilhosa, onde se fixa em Santa Teresa, junto à escadaria.
Inspirado pelo Park Guell, de Gaudi, em Barcelona, inicia em 1994, a decoração das escadas com azulejos. Sozinho, e com dificuldades financeiras, consegue concluir os duzentos e quinze degraus antes do ano 2000.
Na passagem do século, aumenta os seus rendimentos com uma maior exposição através dos roteiros turísticos, dedicando-se a azulejar as calçadas laterais, realizando alterações que surgiam da sua ideia de obra de arte mutante e em evolução.
A partir daqui, dá-se a introdução dos azulejos vermelhos e o vermelho era “Ferrari, a cor mais bonita do mundo”. Para o conseguir, contou também com azulejos remetidos por fãs do mundo inteiro, chegando ter a mais de 2 000 azulejos diferentes, provenientes de mais de sessenta países.
A morte de Selarón, em 2013, em circunstâncias nunca apuradas, encontrado carbonizado nas mesmas escadas que o eternizaram, concluíram a obra que assume a sua genialidade na loucura imensa do artista.
Para a posteridade, esta loucura prova que os sonhos alcançam-se trabalhando!
Que loucura tem sido a minha vida, mas dizem, é dos loucos o mundo!
Vai ao Rio de Janeiro em breve? Então já sabe, é por aqui que tem de andar!
mh
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