Há uma semana, num domingo quente e sereno, estava deitada nas areias de Ipanema com a minha amiga Joana, a beber mate e a ver os astros globais, com vista para o  grande oceano, que se transforma em cálido mar de banhos e mergulhos, desta gente dourada e feliz!

Horas mais tarde, deixava o Rio de Janeiro … a minha cidade de eleição, a minha praia … para regressar à pátria.

Ter voltado lá é uma história rocambolesca, digna de filme de domingo à tarde, nada que mereça um Oscar, mas que faz uma tarde de chuva e frio,  como a de hoje, apesar de já ser Primavera, ser muito mais bem passada … atrevo-me a dizer que é daqueles que começo a ver deitada no sofá, me levanta no intervalo para ir buscar um chá de verde e umas bolachas de canela, talvez uns lenços de papel, e regressar para, já sentada de lado, me enroscar na minha manta preferida, como que pronta a prestar mais atenção aos detalhes. Não vai mudar a vida de ninguém. Ou se calhar, vai fazer toda a diferença na vida de alguém. Comigo foi assim!

Uma semana passou, assumi o trabalho de sempre que reclamava saudades e presença, realizei uma nova realidade (não imaginada!) e repus os já atrasados últimos posts da viagem a Barcelona … sobre o Brasil, nada … bem, nada não … mas nada que conseguisse transpor em letras e palavras e por isso numa história.

Agora, ando aqui às voltas, porque não sei se, como na primeira viagem, devo contar o que fui ver e vi! Mas não, relatar não chega!

Paro, bebo um gole do mesmo chá verde, e decido que vou inverter a ordem dos factos e acima de tudo vou contar o que ainda não fiz, a minha intenção!

Quando, em Novembro, eu fui a primeira vez ao Brasil, eu fui realizar um sonho, fui viver tudo o que imaginara a vida toda … e vivi!

Para além de tudo o que achava, o Brasil deu-me uma noção de mim mesma que jamais voltei a negar, com todas as consequências que daí resultaram. Depois, marquei um regresso em Fevereiro para no Carnaval ir desfilar na Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, com a fantasia escolhida, e tudo marcado … na última hora, não fui, porque senti um patético peso na consciência que me falava de obrigações e responsabilidades … resultado: fiquei de tal forma triste e fragilizada, que adoeci e, desde o dia em que devia ter partido até ao dia que regressaria, fiquei de cama, prostrada e febril, sem conseguir fazer face às tais obrigações e responsabilidades … conclusão: a Escola ganhou o Carnaval aclamada como um espectáculo único e eu arrependi-me ao ponto de jurar a mim mesma que, no futuro, sendo “chamada” eu iria, sempre!

Entretanto, já conhecia um blog que acompanhava, Viajar em Família, que me contactou para um artigo, duma rubrica, 40 anos, 40 lugares, onde iria falar do meu lugar de referência no Porto, a Torre dos Clérigos!

*fotografia da rubrica 40 anos, 40 lugares|Torre dos Clérigos, visita em família no Porto, no blog Viajar em Família

Foi uma tarde muito agradável, com muita conversa e afinidades, que tendo o ponto de partida neste encontro, não nos fazia imaginar onde nos levaria e o que nos traria.

A 8 de Março, dia internacional da mulher, e um dia particularmente triste para mim, a vida andava para trás e eu não tinha como inverter a marcha sem dor, muita dor, recebi um telefonema às dez da noite. Já estava na cama, embora não dormisse, era a Joana Batista … o resto são factos!

Nove dias depois estava a embarcar rumo ao Brasil para, durante os quinze dias seguintes, trabalhar ao lado da Joana na promoção dos nossos blogs em parceria com outras instituições e na Feira de Turismo WTM, onde fomos muito bem recebidas. E, de repente, o mundo dava voltas e reviravoltas e as nossas vidas acompanhavam os acontecimentos com a certeza de que tudo estava combinado nas estrelas e nós éramos meros peões nas mãos do destino, que nós procuramos mas não controlamos!

Então, eu não fui atrás do sonho, esse já era uma realidade, eu fui atrás dos meus objectivos, do meu futuro … e a minha intenção é levar quem sonha, quem quer conhecer, quem quer viver o verdadeiro Brasil … o meu Rio de Janeiro amado, o meu Brasil do coração, aquele que eu busco, que eu desvendo … o melhor boteco, o melhor pôr do sol, a melhor casa de samba, a melhor hora de visitar o Cristo, o melhor mate da praia, a melhor feira, a melhor praia … o melhor que a portuguesa mais carioca conhece, porque foi, porque viu, porque conhece, porque sabe!

mh