Sabem aquela sensação de ter o melhor do mundo e não lhe saber dar valor? Imagino que não, porque só quando se perde é que se percebe! Ou sabem e mesmo assim parte-se em busca de mais.
Ao chegar a Boipeba fui invadida por uma sensação de paz que me fez logo imaginar ali ficar a viver para sempre. Na pousada O Céu de Boipeba, conversava com o Jesus, viajante do mundo que tinha partido de Granada em busca do seu quinhão de terra prometida, tendo já passado temporadas na India e na Indonésia, entendi que esse foi o seu pensamento quando se mudou e se instalou no paraíso baiano. Mas agora, enquanto trocávamos ideias, via que o paraíso se tinha tornado a sua vida, era a sua rotina. E tudo o que ele mais desejava era sair, era voltar à sua Espanha, era viver. Sentia que o mundo se lhe escapava.
Logo me ocorreu que o melhor de nós, o melhor da vida, é o que vivemos de novo até que o hábito se instala e, na tentativa de saciar a motivação que nos faz mover, partimos em busca de aventura, paixão, adrenalina. Estes, os que partem, são mentes inquietas que não se rendem ao costume, ao instalado, ao adquirido. Estes são os que fazem a diferença ainda que tantas vezes seja indiferente o caminho que levam até chegar à meta. Buscam uma vida ideal.
E a vida ideal é um conceito com prazo marcado, porque o mundo aguarda-nos, revelando que há tantos mais paraísos à nossa espera quantas vidas estejamos dispostos a viver.
mh