Bahia de todos os santos,
De São Salvador
De Mãe Menininha do Gantois
Quem vem de lá
Sente saudade
Do paladar
E da brisa do mar de Ondina
Sol de Amaralina
Da pele morena e do vatapáA lua de “São” Jorge Amado
Da cor do pecado
De cravo, canela e jasmim
Flutua no céu da Bahia
De noite e de dia
Na paz do Senhor do BonfimNa Baixa do Sapateiro
Encontrei você
No calor da folia do carnaval
Me olhou, me sorriu, me fez um sinal
Dizendo que era do AbaetéMas seu corpo dourado de Itapoã
Tinha um cheiro gostoso
Flor de maçã, meu amor
Iaiá, Ioiô, Iaiá…Céu da Bahia de Caetano Veloso
O passeio começou no Elevador Lacerda, bem no Centro de Salvador, de onde se via o Mercado Modelo e a Bahia de Todos os Santos. Aqui começa e se encerra Salvador, diz-me o guia imprevisto, Silval, profissional desta andanças desde moleque.
E sem guia, mas com guias, aproximam-se as baianas de plantão. Sorrindo!
Aqui tudo se sente de forma intensa, aqui não se precisa ver para crer, aqui o que é de lá vem p´ra cá e não precisa de explicação, aqui tudo tem um jeito especial de ser!
Mesmo que para ganhar um trocado se sorria de sorriso rasgado, não se enganem, sorriem de bom grado e satisfação e ganham os cobres na mesma!
Com as suas trezentas e sessenta e cinco igrejas, Silval escolheu por mim a Igreja de São Francisco, homenagem ao meu filho, no Largo do Terreiro de Jesus, também a há de Santo António (que fica para uma próxima visita), e lá me desfiou o rosário barroco de toda a história ostensiva do ouro, das cargas de madeiras nobres, da angariação dos donativos … a Igreja de São Francisco é uma das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo, e junto com todo o Centro Histórico de Salvador, Património da Humanidade da UNESCO.
Seguimos pela calçada, apreciando eu, as ruas e as casa coloniais, relatando ele, as curiosidades das gentes como ele. Menino de Rua, vivia mendigando atrás dos gringos, adivinho que possivelmente subtraindo, até se tornar guia oficial, já lá iam uns quarenta anos. Não tinha salário fixo, ganhava o que lhe pagavam pelo tour sabido na ponta da língua e garantia que durante aquelas duas horas nada de mal me acontecesse.
Com o céu coberto de nuvens e o calor e a humidade a apertarem refugiei-me de novo na Casa de Jorge Amado.
Queria, na verdade, ir à sua casa no Rio Vermelho, onde viveu com Zélia, sua mulher e onde toda a sua vida ainda se encontra exposta. Sei que cá vou voltar, por isso sereno e usufruo.
A barriga dava horas e paramos para almoçar num boteco de primeiro andar que não nos acrescentou nada, mas que nos reconfortou para continuarmos.
Desci ao Mercado Modelo para fazer compras de artesanato local.
Comprei as tradicionais e coloridas fitas, abençoadas, para as distribuir por quem é de bem, as crianças e outros que não sendo ainda o sabem ser, e um Santo António e um São Francisco! As minhas lembranças desta longa viagem!
O dia passou ainda pela orla mas o cansaço fazia-se sentir e queria chegar a casa. Queria parar e apenas receber todo aquele milagre!
E assim estive em Salvador! Certa de ser mais eu!
mh