Em 1986, foi criada a Fundação Casa de Jorge Amado, que seria inaugurada em 7 de março de 1987. A festa de abertura durou o dia inteiro. Teve início às onze da manhã com o discurso do presidente José Sarney. O abade do Mosteiro de São Bento, D. Timóteo Amoroso Anastácio, realizou a bênção católica das instalações e o babalorixá Luís da Muriçoca procedeu à limpeza da Casa, com incenso e folhas sagradas. À tarde, ocorreu o padê, cerimônia que abre as obrigações do candomblé, da qual participaram algumas das mais importantes casas-de-santo da Bahia através de seus representantes.
À noite, uma grande festa reuniu, em um show memorável, grandes artistas: Zezé Motta, Grande Otelo, Batatinha, Riachão, Gereba e Bebel Gilberto, Afoxé Filhos de Gandhy, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Dorival Caymmi, Edil Pacheco, Geraldo Azevedo, Moraes Moreira e Waltinho Queiroz. A atriz baiana Nilda Spencer foi responsável por comandar a festa, à qual compareceram mais de 20.000 pessoas .
“(…) Assisti de uma janela ao começo da festa, não tive condições de ficar até o fim, o coração tem seus limites”, Jorge Amado.
A memória de Jorge Amado mantêm-se viva desde que foi inaugurada a Casa de Jorge Amado que conta com uma exposição permanente de documentos, fotografias, livros, suas apropriações populares, adaptações e objetos de toda uma vida. Também estão expostos prêmios recebidos pelo escritor e fotos tiradas por Zélia Gattai, que documentava o dia-a-dia do autor.
A Fundação Casa de Jorge Amado localiza-se nos casarões de número 49 e 51 do Centro Histórico de Salvador. No casarão de nº 68 da Rua Alfredo Brito, a poucos metros da sede da Fundação, viveu Jorge Amado. Cenário de vários episódios de romances de Jorge Amado, o Pelourinho já corria o mundo com as histórias de Dona Flor, Pedro Arcanjo, Tereza Batista, Quincas e mais uma dezena de personagens que, calcados no imaginário do escritor, podem ainda hoje ser confundidos com diversos tipos populares que percorrem suas ruas sombreadas de sobrados.
Guardião
“Quem guarda os caminhos da cidade do Salvador da Bahia é Exu, orixá dos mais importantes na liturgia dos candomblés, orixá do movimento, por muitos confundido com o diabo no sincretismo com a religião católica, pois ele é malicioso e arreliento, não sabe estar quieto, gosta de confusão e de aperreio. Postado nas encruzilhadas de todos os caminhos, escondido na meia-luz da aurora ou do crepúsculo, na barra da manhã, no cair da tarde, no escuro da noite, Exu guarda sua cidade bem-amada. Ai de quem aqui desembarcar com malévolas intenções, com o coração de ódio ou de inveja, ou para aqui se dirigir tangido pela violência ou pelo azedume: o povo dessa cidade é doce e cordial e Exu tranca seus caminhos ao falso e ao perverso.”
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Aqui aprendi que na nossa vida entra quem vier por bem, quem for de Paz.
- mh
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