Saudade, uma necessidade

 

Não é que eu tenha saudades do que deixei. Confesso. O que me espera está lá e lá vai estar. É assim simples de se entender.

A minha saudade é outra, é uma necessidade que equivale a respirar. Tem vezes que me falta o ar. Parece que vou morrer. Mas não vou. E, por estes dias, li um texto que me dizia o que eu sentia. Trechos que me devolviam à vida e me diziam que toda a escolha tem a sua consequência. Mas que na nossa escolha, carregada de ausência, podemos ser felizes.

Estou quase a regressar, de volta à realidade que não sei mais se é a minha. Deixo o lugar onde me encontrei. Eu sempre soube que assim seria. E até sei o que será. Mas volto a casa, volto a casa aos meus com a certeza de voltar aqui a mim. Porque sei, vou morrer de saudades e, para de novo viver, tenho que cá estar.

mh

Saudade não é falta. Saudade é presença imortalizada dentro da gente.

Porque saudade também é inspiração. Elas chegam nas horas mais inesperadas. Num momento de distração, a velha sensação de vazio se transforma em música, dança ou poesia. Você está caminhando no seu dia cinzento e, de repente, uma ideia invade a sua mente: é o esboço de um novo verso, é a cor da esperança que você procurava.

Vinicius de Moraes disse que “a vida só se dá pra quem se deu, pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu”. Ter saudade não é fácil, porque ela nos deixa perdidos e abandonados dentro da vida. Por isso, precisamos olhar para o nosso vazio a ponto de compreendê-lo. Assim, compreenderemos a nós mesmos e conseguiremos transformar a ausência em algo bom e bonito.

“Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim.” Ao ler Carlos Drummond de Andrade, sinta a saudade nos seus braços. Abrace-a. Aconchegue-a. Então ria e dance com as recordações incríveis que se foram. Percorra o rio da sua mente e mergulhe em sua alma, preencha com sentidos e imaginação o vácuo da saudade.

Sinta. Inspire-se. Vire-se do avesso e encontre sua verdade. Aguente até amanhã. A presença do seu vazio é que vai lhe trazer coragem necessária para ser aquilo que deseja. E amanhã o sol sairá das tuas nuvens sombrias.

in Revista Bula, por Rebeca Bedone

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