O medo

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Quando se decide algo que sai fora do expectável, do redondo, do certo, do igual, do mesmo, a tendência dos outros, próximos ou distantes, íntimos ou circunstanciais, é questionar colocando obstáculos, quimeras, juízos.

Vejamos … como é que vais? És louca e se te afogas? E se enjoares? E se te sentires só? E se tiveres medo? Com que dinheiro? E os teus filhos? Vais deixa-los? E o trabalho? Vais deitar tudo a perder? E se te matam? E se te roubam? E se te perdes? E se te desiludes? E se te arrependes? E se te engasgas? E se adoeces? E se tiveres saudade? E se não gostares da comida? E se chover? E se fizer muito calor? E se a Dilma cair? E se o Jô emagrecer? E se … E se … E se …

E por ai vai … os Se’s são senhores absolutos de certezas inabaláveis precedidas de um fatalismo ignorante e medroso que se encerra na rua de cada um, dentro de portas, seguros, com as suas verdades e as suas (sobre)vivências.

Eu tenho medo. Claro. Tenho tanto medo de gostar, de gostar muito, de me seduzir, de me viciar, de morrer de amor por esta partida que não tem volta marcada. Porque, depois, mesmo quando chegar, tenho de chegar, outra vez, tudo o que conseguirei pensar será em partir, tenho de partir, de novo.

mh

6 thoughts on “O medo

  1. Maria Helena Mendes Souza diz:

    Olá
    Eu sou Maria Helena
    E tenho medo
    Tenho vergonha de dizer que tenho medo
    Os parentes não entendem
    Os filhos aceitam sem concordar
    E aos amigos nem falo nada
    Mas eu tenho medo

    Gostar

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