Enquanto, os sinais tardavam em ser entendidos, eu inspirava-me em fotografias de olhares, perdidos no horizonte recortado pelos morros ou em revistas e livros, vezes sem conta desfolhados, por vezes, também, qualquer filme que me levasse a passear naquela calçada ou nas ruas tortuosas de um Portugal distante mas presente e sempre, desde sempre, para sempre, a música. As vozes eu identifico-as uma a uma, umas tão identificáveis, outras mais minhas. E assim sabia que chegava. Devagar, muito devagarinho.
Eu fiz 40 anos em Agosto de 2014 … o ano novo que para mim se iniciava prometia mudanças que eu me cobrava fazia tempo demais, agora sem desculpas, sem se’s. Mentalmente tudo ganhava lugar e perspectiva. No entanto, apesar do meu entusiasmo crescente, apaixonado, sempre que mais uma vez (das milhares anteriores) eu falava dos meus sonhos, sentia um descrédito por parte de quem me rodeava, rodeia. Senti mesmo que me ridicularizavam (e tanto haveriam de ter para olhar ao espelho das próprias vidas), que desprezavam o que era tão importante para mim. Louca. Desmiolada. Tonta. Sem noção. Parva. Irresponsável. Não serão objectivos suficientes para tudo o que me disseram, imagine-se para o que pensaram. Eu sabia que ia, eles não sabem nada.
Preparava como uma missão tudo o que estaria para vir. Uma missão solitária, porque os quixotescos quando sonham, caçam sozinhos os seus moinhos.
Quando 2015 entrou, numa reflexão necessária, subi à Torre dos Clérigos, agrada-me o esforço de subir os 240 degraus de granito gasto, para ver a minha cidade que abraça diariamente a minha vida e os meus destinos, e nas vistas que alcançava percebi que um dia acontece, depois de muitos dias passados, em que não se pode fugir do que nos está destinado. A minha vontade era maior que qualquer receio. Qualquer obstáculo.
E desde aí, do alto, olhei com relatividade tudo o que era acessório, e enquanto lia, anotava, procurava, pesquisava entre inúmeros sites, páginas de facebook e páginas de revistas com pó lá de casa, encontrei o que procurava. E este era o tal sinal!