O destino está traçado. Assim o creio. Desde sempre.

Devagar, lentamente … o mar que me separa torna grande a travessia das ondas que me empurram numa bolina com porto seguro, e mais que um acumular de milhas, em rápidos rasgos do céu, onde se confirma a facilidade, tenho uma certeza, a ser, tem de ser transformador.

Projecta-se algo, com cores tropicais, cheiros adocicados e rostos memoráveis, tanto quanto anónimos, tão bem conhecidos, que perdura o tempo de décadas, repartido entre anos, semanas, dias, horas, minutos, segundos, e se concretiza. Assim. Só assim. Já está. Então, o tempo de se chegar tem de ser lento. Cozinhado em lume brando para melhor saboreado. Poético com linhas de verso perdidas em infinitas pausas que se apreciam numa preguiça comovente. Exagerado, longo, desmedido, clássico, impraticável. Carregado de fatalidade. De fado. De impossibilidade.

Imediatamente remeto-me ao clássico da literatura, génese do nosso povo lusitano, a grande epopeia dos Descobrimentos, Os Lusíadas, obra maior do poeta Luís de Camões.

Tal como eu, que parto à busca do desconhecido já achado, nós, na figura daqueles, naquele tempo, não descobrimos nada que não existisse mas tomamos-lhe conhecimento, que não sendo igual, se assemelha ao descobrir. Eu, tal como eles, vou em rota marítima de descoberta. Talvez a riqueza das minhas especiarias se encontre no carregamento da alma, que não sendo trocado, será partilhado. Inquieta, não vacilo!

E, no segredo das minhas vontades, desde o primeiro momento foi assim que me senti, em modo de partida. Desafiada e pronta para a maior aventura que a mim me propus.

mh