Ontem, lá trás.

Ontem, lá trás.arquivopessoal

À primeira reflexão, amanhã onde os sonhos se concretizam seria o tanto que bastasse. Mas não era honesto, essencialmente para comigo, pois que a minha vida tem um fio de contas onde o passado vivido, o presente realizado e o futuro idealizado se não soltam. E, no rosário das minhas contas, torna-se necessário desenrolar o fio à meada.

Sou a mais velha de três irmãos do casamento, já acabado, do meu pai e da minha mãe. Maria Helena, Paula Branca e Pedro Miguel (sempre tivemos o hábito de nos tratarmos pelos dois nomes e ainda assim o é!). Tenho também vários outros irmãos por afinidade paterna.
A minha família é alargada a tios e tias, primos e primas. Guardo-os em mim, embora não os necessite. A vida trilhou um feitio desprendido para melhor lidar com o que viria.
Tive uma infância muito feliz, sem sobressaltos, com conforto e privilégios próprios de uma sociedade que crescia alucinada, sem saber, e imitava gostos americanos copiados à televisão, dançava música pop e via desenhos animados de clássicos literários com bandas sonoras espanholas. Bebia coca-cola sem culpa, passava o verão no Algarve e tinha uma árvore de Natal cheia de presentes camuflados em papéis de fantasia.
Cresci com ídolos instantâneos que duravam o tempo de um top + mas que enchiam a minha cabeça de sonhos. E cedo me revelava de ideias próprias, sem receios nem prejuízos. A adolescência foi pautada pela rebeldia de quem sempre achou que a falar é que o mundo se entende. Claro que isso trouxe-me alguns puxões de orelha na sala de aulas e da mãe e do pai também. Nada muito notável!

Entretanto, a mudança anunciada que abala o núcleo da minha família dá-se quando os meus pais se divorciam. À época, não lhe dei grande importância e até considerei que me faziam um favor. Ganhei mais liberdade (o presente mais envenenado que recebi até hoje) e tudo se precipitou.
A necessidade de viver até ao limite aliada a uma autonomia irresponsável e imatura levaram-me a experiências pessoais que pouco me acrescentaram e, na verdade, me ofuscaram a realidade.
Não tive nunca desvarios de adições além da alegria do desconhecido, do excesso de se ser … a vida era uma música rock com rufadas sonantes, baixos graves e guitarradas agudas que me aturdiam numa espiral sem freio.
Até um dia.

mh

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